segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

num outro nível de vínculo


presente,
o único palpável.
ainda assim escorre pelos dedos...
que sejam os seus
com os meus.

sábado, 29 de dezembro de 2012

corcovado

me vejo num escuro quente
em que não há saída aparente
somente o céu a me engolir
e a me atar em minhas próprias correntes

o que faço com as rimas, quando elas saem e parecem tolas novamente?
pareço um poeta contente, criança
cujos olhos brilham na lembrança
e choram felizes na esperança
- que é palavra fraca, pois não traz ação.
traz espera, anseio e comodismo

não pretendo rimar
não mais
quero descobrir em mim o que há de mais verdade 
ainda que doa
e o que há de mais justo pra cada pessoa
...
mas que grande engano, achar que o poder é meu...!
ou que sei alguma coisa do amor
porque o amor escorre por meus dedos
como água clara e fresca

não sei nada mesmo do amor
mas sinto quando meu coração bate forte
e isso não precisa de palavra ou tradução.

é sensação infinita costurada em mim.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

carma

me sinto fraca e covarde
diante de tudo o que me é dado.
não enfrento as perguntas pois não tenho respostas.
e quando rezo, não é para que respostas apareçam, e sim para que as perguntas sumam.
- isso é o que chamo de medo.

pergunto-me, também, se haverá castigo
e, se houver, que tipo de punição será?
- perder a sorte, perder o dom, quem sabe me perder de vez... -

não me faço tola. sei do que se trata.
sei que envelheceria num instante e,
ao mirar minhas mãos manchadas, mas ainda na mesma bela forma que têm hoje,
veria mãos inúteis, que nada fizeram que valesse a sorte
ou que ao menos fizeram muito pouco.
e isso inundaria minha alma de remorso numa dor imensamente maior do que qualquer arrependimento,
pois seria então um remorso consciente, de quem sempre soube o quê e como fazer...
mas não fez.

sei do que se trata pois o sinto agora. o castigo é presente, e cabe a mim diminuí-lo e só.
quando rezo, isso sim, faço, peço com toda a força que quando mirar minhas mãos manchadas, mas ainda na mesma bela forma que têm hoje, que umas duas ou três lágrimas possam rolar, lentamente, num suspiro leve e sereno... na sensação mais pura do viver.



sábado, 1 de setembro de 2012

e ponto

eis que acordo e vejo um dia brilhante
bordado em nó e diamante
penso no caminho errante
e nas rimas que não devia calar

lembro de olho e cabelo e sorriso
e de todo o bem-estar

as frases daquele livro atormentam
no sentido fazer-pensar
as imagens daqueles dias surgem
no sentido que-bom-lembrar

das rimas que parecem tolas, não sinto vergonha
e as que não saem, nem apago mais

só sei que o que vale ouro
é eterno.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Poesia de uma Maria

Maria acordou diferente
a luz do sol invadiu seus olhos
que sobreviveram bravamente
- agora posso ver! – exclamou a moça, contente

esqueceu-se da cama, do café e da cana
correu para o campo e pôs-se a cantar
- meu canto, meu canto! não posso parar!
e pôs-se o destino a lhe abençoar

menina bonita, mas que linda voz!
um talento daqueles, nunca vi igual!
vem cá, vem, Maria! o mundo é feroz
ponha-se a estudar que o tempo é veloz

e lá foi Maria, seguir seu destino
juntou-se aos melhores por todo o caminho
mais alto, Maria, mais alto, mais alto!
e ia Maria, seguindo o destino

um dia, Maria, cansada, pensou:
- onde está meu canto? onde ele parou?
está lá em cima, já não pode ver?
- meus olhos não veem, já não posso crer.

seguiu, Maria, subindo e subindo
as rimas de antes, não ouvia mais
os olhos que, outro dia, sobreviviam ao sol
pareciam morrer na escuridão

- o que houve, meu Deus? quando foi que me perdi?
- fica calma, Maria. tua angústia é a angústia do mundo.
- e não tem fim?
- canta, Maria, canta teu canto, que quando for o teu fim, será o fim do teu canto.
- e se meu canto tiver fim antes de mim?
- então estarás morta.

Canta, Maria
que a vida te guia
que o sol te ilumina
apesar da agonia.

segunda-feira, 5 de março de 2012

bate-pronto

ela bate, me conheço de novo. nomeio crise o que espero que um dia passe. se deus brilhar ao amanhecer e sua voz doce e grave revelar um outro nome qualquer, me preparo pra ir com ele. nomeio o conforto, o passageiro. que angústia, rezar pelo efêmero quando é desejo que ele fique. que cômodo, rezar pra que ele vá embora quando a gente não sabe o que quer. as batidas são familiares, sei como soam e seus efeitos colaterais. eu já vivi isso. já frequentei essa escola*. perguntas-aladas, dessa vez num outro contexto, que por mais outro que seja... já vi. vi.
quem era eu lá? existe saudade de déjà-vu? toc toc?

será que o-que-a-gente-vai-ser-quando-crescer um dia é?











*a prepotência existe.

um ego qualquer

eu preciso de críticas quando estou confortável
eu gosto de elogios quando me supero
eu gosto de saber o que os outros pensam quando não estou segura
ah! eu detesto estar segura e detestar o que os outros pensam

mas, principalmente, eu demoro muito até aceitar uma verdade qualquer como sendo a única. é doloroso para um ego, sabe, assim como o meu, perceber que errar também faz parte de mim.
ainda assim...
eu me amo.