terça-feira, 29 de maio de 2012

Poesia de uma Maria

Maria acordou diferente
a luz do sol invadiu seus olhos
que sobreviveram bravamente
- agora posso ver! – exclamou a moça, contente

esqueceu-se da cama, do café e da cana
correu para o campo e pôs-se a cantar
- meu canto, meu canto! não posso parar!
e pôs-se o destino a lhe abençoar

menina bonita, mas que linda voz!
um talento daqueles, nunca vi igual!
vem cá, vem, Maria! o mundo é feroz
ponha-se a estudar que o tempo é veloz

e lá foi Maria, seguir seu destino
juntou-se aos melhores por todo o caminho
mais alto, Maria, mais alto, mais alto!
e ia Maria, seguindo o destino

um dia, Maria, cansada, pensou:
- onde está meu canto? onde ele parou?
está lá em cima, já não pode ver?
- meus olhos não veem, já não posso crer.

seguiu, Maria, subindo e subindo
as rimas de antes, não ouvia mais
os olhos que, outro dia, sobreviviam ao sol
pareciam morrer na escuridão

- o que houve, meu Deus? quando foi que me perdi?
- fica calma, Maria. tua angústia é a angústia do mundo.
- e não tem fim?
- canta, Maria, canta teu canto, que quando for o teu fim, será o fim do teu canto.
- e se meu canto tiver fim antes de mim?
- então estarás morta.

Canta, Maria
que a vida te guia
que o sol te ilumina
apesar da agonia.