terça-feira, 4 de setembro de 2012

carma

me sinto fraca e covarde
diante de tudo o que me é dado.
não enfrento as perguntas pois não tenho respostas.
e quando rezo, não é para que respostas apareçam, e sim para que as perguntas sumam.
- isso é o que chamo de medo.

pergunto-me, também, se haverá castigo
e, se houver, que tipo de punição será?
- perder a sorte, perder o dom, quem sabe me perder de vez... -

não me faço tola. sei do que se trata.
sei que envelheceria num instante e,
ao mirar minhas mãos manchadas, mas ainda na mesma bela forma que têm hoje,
veria mãos inúteis, que nada fizeram que valesse a sorte
ou que ao menos fizeram muito pouco.
e isso inundaria minha alma de remorso numa dor imensamente maior do que qualquer arrependimento,
pois seria então um remorso consciente, de quem sempre soube o quê e como fazer...
mas não fez.

sei do que se trata pois o sinto agora. o castigo é presente, e cabe a mim diminuí-lo e só.
quando rezo, isso sim, faço, peço com toda a força que quando mirar minhas mãos manchadas, mas ainda na mesma bela forma que têm hoje, que umas duas ou três lágrimas possam rolar, lentamente, num suspiro leve e sereno... na sensação mais pura do viver.